Entre 2019 e junho de 2025, Blumenau registrou 16 feminicídios. Os números revelam uma dura realidade que assombra as mulheres. Foram 4 casos em 2019; 3 em 2020; 1 em 2021; 2 em 2022; 2 em 2023 e 4 em 2024. O ano de 2025 não tem nenhum registro, conforme levantamento feito pela Polícia Civil a pedido do AJ Notícias.
Os dados refletem o cenário nacional: somente em 2024, o Brasil contabilizou 1.450 casos de feminicídio, conforme o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam).
Diante desse cenário, Blumenau vem ampliando, aos poucos, a rede de proteção às mulheres vítimas de violência, oferecendo serviços especializados de acolhimento, suporte psicológico, jurídico e medidas emergenciais.
A psicóloga Ana Hoffmann explica que a violência contra a mulher pode se perpetuar como um ciclo dentro da família.
"Uma filha, por exemplo, que acompanha a violência da mãe, muitas vezes tende a repetir o que vivenciou em casa. A vida adulta dela, na mente dela, já está normatizado que uma mulher dentro de uma relação será vítima de violência. Ela pode até procurar o caminho contrário disso, mas em alguns casos, se não bem trabalhado a situação, ela vai acabar caindo em relações onde o parceiro é violento e viver a mesma violência doméstica que a mãe", explica.
A psicológa ainda ressalta a importância de procurar ajuda profissional.
"A violência deixa trauma físico, psicológico, faz com que a mulher se sinta incapaz. Pode levar a depressão, a ansiedade e ao medo. Por isso é importante procurar ajuda para conseguir sair dessa relação".
Apesar da sanção de uma lei federal em 2023, que determina o funcionamento 24h de delegacias da mulher em todo o país, a Delegacia de Polícia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Blumenau funciona das 8h às 19h nos dias úteis.
Segundo a delegada regional, Juliana Tridapalli, o atendimento ininterrupto na cidade é feito pela Central da Polícia Civil, que funciona 24h, e também pelo site oficial da instituição.
A Rede Catarina de Proteção à Mulher, da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), é um dos principais programas de enfrentamento à violência doméstica em Blumenau. A rede realiza visitas preventivas, fiscaliza medidas protetivas e presta apoio direto às vítimas.
Atualmente, há 1.440 medidas protetivas vigentes na cidade e 996 botões do pânico em funcionamento. Somente em 2025, 680 novas medidas protetivas de urgência foram concedidas.
"Além do programa, a Polícia Militar também desenvolve uma série de trabalhos educativos, palestras, rodas de conversas, onde interagimos com as mulheres para alertar sobre a violência doméstica, alertar sobre sinais de violência e de relacionamentos tóxicos. Muitas vezes as mulheres estão dentro daquele relacionamento e não percebem. As mulheres podem ter certeza que podem confiar na Rede Catarina", afirma o tenente-coronel Heintje Heerdt.
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A Casa Abrigo Eliza atende mulheres em situação de risco iminente de violência e seus filhos menores de idade. O local funciona 24 horas e oferece acolhimento físico, atendimento social e psicológico. O acesso é sigiloso e ocorre somente mediante encaminhamento policial e boletim de ocorrência.
Blumenau também conta com a atuação da Procuradoria Especial da Mulher, ligada à Câmara de Vereadores, que oferece atendimento jurídico, orientações sociais e também atua na conscientização da sociedade. Os atendimentos podem ser presenciais ou virtuais.
Já o Projeto Florescer, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, realiza encontros mensais com vítimas de violência doméstica, com foco no acolhimento emocional e fortalecimento da autoestima. A iniciativa oferece oficinas, rodas de conversa e atendimento psicológico, apoiando mulheres na reconstrução de suas vidas.
Polícia Civil – 197
Polícia Militar – 190
Casa Abrigo Eliza – Acesso mediante encaminhamento policial
Procuradoria Especial da Mulher – WhatsApp (47) 3231-1556 | E-mail: procuradoriadamulher@camarablu.sc.gov.br
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 (atendimento nacional 24h)
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