A Prefeitura de Blumenau confirmou nesta sexta-feira (6) o repasse de R$ 1,5 milhão por parte do Governo de Santa Catarina, valor referente à terceira parcela do convênio firmado para a conclusão da obra de balizamento noturno no Aeroporto Regional de Blumenau, o Quero-Quero. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, os trabalhos devem ser retomados na próxima semana.
O projeto, que prevê investimento de mais de R$ 2,8 milhões, teve as obras paralisadas com apenas 25% do cronograma executado. O sistema deveria ter sido entregue em até 120 dias após o anúncio do investimento, feito em abril de 2024. No entanto, a estrutura segue sem o balizamento, impedindo operações de pouso e decolagem no período noturno.
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A ausência do sistema de iluminação impacta diretamente a aviação executiva, o transporte de órgãos e as operações de resgate aéreo, como as realizadas pelo helicóptero Arcanjo do Corpo de Bombeiros.
"Agora no inverno só conseguimos operar até 17h30 por causa do pôr do sol. Isso impacta a aviação executiva, que fica totalmente restrita", afirma Andrey Tomazi, presidente do Aeroclube de Blumenau. A escola de aviação é uma das mais relevantes do país e forma mais de 100 pilotos por ano.
Segundo Tomazi, se o balizamento estivesse em funcionamento, o aeroporto poderia operar até as 22h e aumentar em até 30% a capacidade de pousos e decolagens. “Era pra estar pronto. Essa foi a promessa”, reforça.
Resgates e transplantes comprometidos
A situação também afeta as operações do Arcanjo 03, do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. De acordo com o Major Jair Pereira dos Santos Junior, comandante da 2ª Companhia de Operações Aéreas, a ausência de balizamento noturno limita os resgates.
"Temos que calcular se dá tempo de atender a ocorrência e retornar ao aeroporto antes de escurecer. Com o balizamento, poderíamos realizar mais resgates e com mais segurança", disse. Mesmo com as limitações, são realizados cerca de 60 atendimentos aéreos por mês na região.
O batalhão também conta com dois aviões usados no transporte de órgãos e pacientes. Sem o balizamento em Blumenau, essas aeronaves precisam pousar em Navegantes, distante cerca de 55 quilômetros da cidade.
Transplantes sob risco
Blumenau é referência em transplantes em Santa Catarina, mas a logística tem sido prejudicada. Segundo o médico hepatologista Marcelo Nogara, do Hospital Santa Isabel, a falta de infraestrutura atrasa procedimentos críticos.
"Recebemos a autorização da família para a doação às 18h, mas o aeroporto já está fechado. Aí temos que usar o transporte terrestre, o que não é o ideal. Já estamos há cinco anos cobrando esse balizamento. Estamos fazendo a nossa parte, agora precisamos que eles façam a deles", afirma.
Com o repasse confirmado, a expectativa agora é que a retomada da obra permita, enfim, concluir o sistema de balizamento e liberar a operação noturna no Aeroporto Quero-Quero.
