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Quando Blumenau dá musica

Recorde passagens musicais onde Blumenau foi a inspiração da melodia de bandas, compositores músicos

03/09/2025 às 13h00
Por: Andre Bonomini
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Quando Blumenau dá musica

Blumenau vive com musica e, em momentos inspirados, dá musica. Numa cidade cuja relação com acordes e melodias é algo costumeiro, vindo do tempo da imigração e da colônia, nada mais normal e quase piegas recontar alguma história relacionada ao lado musical da cidade, sempre referenciado pelo lado germânico ou pela criatividade que passa pelo Pop/Rock.

É dificil, no entanto, centrar uma única inspiração que leva musicos, musicistas, cantores, cantoras e bandas a tomar a capital da cerveja como pano de fundo para as composições que criam. Belezas naturais, o dia-a-dia, as festas típicas além da Oktoberfest ou, até mesmo, uma forma de tentar traduzir o carinho pela cidade que abriga a mente criativa de uma maneira diferente, beirando a poesia em sons contemporâneos.

Em 175 anos, não foram poucas as vezes que Blumenau virou música. Se pensarmos apenas na Oktoberfest nossa de cada ano, surge um sem-numero de hinos enaltecendo a festa, costumes e alegria. Para algumas bandas, como bem sabemos, já é de praxe que cada ano seja marcado por uma nova música para rasgar os pavilhões em um grito ou coreografia apenas.

No entanto, nestas linhas de hoje, a intenção não é se ater ao que soa nos pavilhões. Ainda embalado pela recente instalação d'Os Futuristas na cidade vindos de Ijui (RS) e tendo a sorte de trabalhar com o arquivo musical típico de uma rádio tradicional como a União FM, impossível é não se deparar com os vários exemplos e passagens onde Blumenau deu música, seja em letra ou de forma instrumental.

Por isto, vamos recordar aqui algumas destas passagens, as mais marcantes e até as mais raras e esquecidas, momentos onde a criação de Dr. Hermann ganhou corpo melódico, em vezes até letra, e foi a inspiração para melodias dançantes, inesquecíveis que ou a descrevessem ou, simplesmente, embalassem festas ou momentos de refletir e sentir Blumenau em música.

Jetzt Geht's Nach Blumenau (a canção dos pioneiros)

O primeiro exemplo é, talvez, o maior referencial da cidade em matéria de música. Engana-se se você pensa que é a melodia de Helmut Hogl (da qual falaremos mais adiante), a tradicional "Jetzt Geht's Nach Blumenau" nasceu do cantarolar dos primeiros moradores da colônia quase como uma peça animada e um tanto cômica, sendo reproduzida pouco a pouco por bandas de várias gerações.

A "canção dos pioneiros", no entanto, é uma adaptação de uma velha melodia tão usada na Alemanha quanto, mas que aqui virou cartaz da cidade e ganhou várias releituras, curiosamente também sendo nominada nas gravações com vários nomes diferentes quando apresentada em LPs e CDs.

Para a Banda Cavalinho Branco, além do arranjo diferenciado, era "Eu Sou de Blumenau". A Banda Tureck de Rio Negrinho a chamou de "Blumenauer" numa gravação de 1973, e na Vox 3, uma leve alteração no seu nome original: "Das Geht Nach Blumenau".

Confira várias versões da "canção dos pioneiros":

 

Helmut Hogl

Chega a ser "lugar comum" falar do alemão que, depois de uma verdadeira missão de convencimento para vir à Blumenau, afeiçoou-se tanto com a cidade que tomou ela como inspiração para algumas páginas musicais. E quando digo "algumas", não estou me atendo a apoteótica "Hallo Blumenau", de 1989, tomada como hino da Oktoberfest e a única excessão desta lista relacionada diretamente a festa.

Poucos sabem, mas Hogl deixou registrado em LPs na década de 1980 outras três músicas tendo Blumenau como inspiração: "Abschied Von Blumenau", é uma delas, tomando como base a bela "Cielito Lindo", uma breve e bela valsa de despedida, talvez uma das primeira gravações do maestro à nossa cidade. As outras duas, também sentimentais e mais lentas são "Saudade de Blumenau" e "Wiedersehn In Blumenau".

Ouça as três, além, claro, da obra máxima de Hogl:

Banda Cavalinho

A cinquentenária obra de Rikobert "Rigo" Doring, por vezes, é a primeira referencia quando o assunto é musica inspirada em Blumenau, sobretudo na Oktoberfest. Mas respeitando a regra de falar ou inspirar-se na cidade sem misturar a melodia com a festa, alguma coisa ainda surge, sobretudo no chamado "tempo clássico" da trupe, antes da explosão do Schlager com a mescla de integrantes da Odenwalder, nos anos 1990.

Ainda em LPs oitentistas, é possível encontrar neles composições instrumentais com inspiração na cidade, como a belíssima "Saudade da Típica Blumenau", valsa registrada como última faixa do lado B do LP de 1983. Em 1987, já com um aprimoramento de arranjos, a Cavalinho grava "Hier In Blumenau", com letra integral em alemão.

Até hoje e como compromisso contínuo, impossível falar de musica em Blumenau sem apontar o dedo para a Cavalinho, uma das referencias no palco da Oktoberfest que também soube usar da cidade em estado puro como inspiração.

Bandinha Bandeirantes

Os mais velhos devem recordar vagamente deste nome. Tradicional nos anos 1970 e 1980, a Bandinha Bandeirantes lançou alguns discos na sua trajetória restrita ao mais típico, com instrumentação simples e arranjos que mais lembravam os pequenos bailes de chopp do interior. 

Poucos são os registros sobre o grupo, mas bastou uma música digna de "chiclete" para ficar na memória de muita gente: "Como Vai Blumenau", de 1978, primeira faixa do primeiro LP do conjunto. Com letra alternando entre português e alemão, a canção é uma das duas que a trupe faz inspirada na cidade. A outra é uma marcha instrumental intitulada "Blumenau March", com o mesmo jeito simples marcante das composições da Bandeirantes.

Os 3 Xirus

Os gaúchos liderados pelo cidadão de Cruz Alta, Bruno Neher, são um caso daqueles peculiares da música brasileira. Com um pé no som tradicional do Rio Grande do Sul, o estilo do trio também é fortemente marcado pelo típico germânico, o que os fez ser referencial nos dois campos, quer seja de cuia ou de caneco na mão.

Não a toa, os discos que o trio lançava com temática alemã, sobretudo o LP de 1979 (Os 3 Xirus em Alemão), tem lugar cativo no repertório clássico de qualquer ouvinte assiduo da música típica de bandas/bandinhas. E não seria surpresa se Neher, em algum momento, fizesse referencia à Blumenau em uma das canções que compôs com sucesso inserindo o alemão como uma personagem cômica na letra e não apenas como algo subjetivo.

Tal como "O Alemão e o Delegado", sua maior referencia nesse filão, Bruno inseriu entre as faixas do animado "Para Ouvir e Dançar" de 1987 a igualmente animada "Vou Morar em Blumenau", contando de um alemão de mudança para a cidade, bem como visitar os municipios vizinhos como Joinville ou abrir uma malharia, em tempos onde o têxtil era referencia comercial maior da região.

Os Montanari e Os Schavini

Pode parecer curioso, mas a ligação musical entre Blumenau e Concórdia, no oeste de SC, é mais intensa do que se imagina, sendo o Vale do Itajaí o paradouro obrigatório de qualquer uma das bandas e bandinhas que saiam daquela região para fazer sucesso. 

Exemplo? Banda falar d'Os Montanari e nosso papo encerra nesta linha. Tal como Os Futuristas recentemente, a obra de Bruno e Oswaldo escolheu a cidade para instalar-se como base em 1977 e daqui não mais sairam. E mesmo os fãs sabendo da origem do oeste catarinense, impossível não referenciar a trupe como legitima representante blumenauense na música típica e afins.

Foram várias passagens, quer seja em versões ou temas para a Oktoberfest, que marcam Os Montanari até hoje, mas a primeira gravação tendo Blumenau como referencia veio ainda no tempo em que o grupo assinava o endereço como sendo de Concórdia: "Alles Blau In Blumenau" é do quarto volume da banda, lançada como uma rancheira em 1974.

Na mesma esteira d'Os Montanari está outro nome referencial dos bailes mais antigos. Vindos da mesma Concórdia, a trupe de Moacir Schiavini também tinha em Blumenau parada obrigatória de festas e bailes, e registrou em 1976 o foxtrot "Gente Boa em Blumenau". A trajetória curta da banda infelizmente não deixou muitos registros sem ser os musicais, cujo arranjo assemelhava-se aos coirmãos mais populares.

Banda Musical Germânica

Com 46 anos de estrada, sendo uma das mais antigas da cidade em atividade initerrupta, a Banda Musical Germânica é o clássico exemplo semelhante a Bandinha Bandeirantes de grupo atrelado exclusivamente ao germânico enraizado em Blumenau. 

Criado pelo musico veterano Engelberto Seiler, o grupo alterna entre bailes menores e os palcos de grandes festas como a Oktoberfest, e entre os sons da respeitavel discografia deixaram duas produções instrumentais inspiradas na cidade: as simpáticas "Blumenauerfest" e "Tanzen In Blumenau".

Unterbrunner Haderlumpen

Pouquissimo lembrado entre os grupos alemães que já passaram pela Oktoberfest, este trio da Baviera talvez seja o mais "mosca branca" desta lista. Formado por Armin Fischer, Claudia Steidl e Fritz Hirsch, a trupe deixou registrada entre algumas das poucas composições autorais da carreira uma interessante faixa intitulada "Happy Days In Blumenau".

A canção tem uma pegada alegre, lembra vagamente o estilo "Mallorca" de alguns nomes do Schlager pelos toques tropicais, mas pouco se sabe sobre a inspiração ou quando foi lançada.

Léo Maier e Luiz Vicentini

Os últimos dois exemplos são a prova que nem sempre o filão germânico é, necessáriamente, o carro-chefe da musica produzida na cidade. Muitos artistas arriscam passos fora da lógica típica em estilos mais próprios, seja o Rock, o Blues, o Pop e até mesmo o Samba, embora nem sempre compreendidos por grande parte de quem aqui mora ou com o valor devidamente reconhecido como deveria.

Mesmo assim, alguns nomes conseguiram boa projeção na cena cultural da cidade, tendo exemplos como John Mueller e Léo Vieira desbravando outros rincões do país com sua música. No entanto, mesmo tão diversa e carecendo de maior visibilidade, a cena musical "pop" da cidade pouco tomou ela própria como inspiração musical, mas aconteceu, ao menos, duas vezes.

Uma das primeiras vezes foi em 2000, na época do sesquicentenário, quando o itajaiense com coração blumenauense Luiz Vicentini apresentou a belíssima "Blumenau (Um Só Coração)", com participação vocal de Nana Toledo numa pegada que lembra um carregado Folk cheio de poesia, uma espécie de grito rasgado pela cidade que acolheu o compositor.

Já o outro caso, talvez o mais original da lista, surgiu em 2017 entre as faixas do ótimo "I Choose The Blues" de Léo Maier. O bluseiro fez brotar um ritmo instrumental e animado em meio a profundidade do Blues com a alegre "Blumenau Boogie", perfeita para o fim de dia/noite no Vale.

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Andre Bonomini
Sobre o blog/coluna
Jornalista apaixonado pela memória e identidade local, André Bonomini escreve sobre fragmentos da história de Blumenau. Com sensibilidade e rigor na pesquisa, resgata fatos, personagens e curiosidades que ajudam a entender o passado e refletir sobre o presente da cidade. Seu trabalho busca preservar a memória coletiva e aproximar o público das raízes culturais de Blumenau.

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