O dia 25 de julho celebra o Dia do Motorista, profissão muitas vezes associada ao caminhoneiro. Um exemplo dessa trajetória é Valmir Baehr, mais conhecido como Buda, morador do Distrito Belchior, em Gaspar, no Vale do Itajaí. Aos 56 anos, ele comemora em 2025 nada menos que 37 anos ao volante, levando a vida na boleia.
No comando do seu Scania R420, Buda transporta cargas secas e garante que, apesar das dificuldades, a profissão proporcionou conquistas importantes.
"O que mais me orgulha é ser um bom profissional. Nunca me envolvi em acidentes. Mesmo com tantos desafios, o caminhão me deu muitas coisas, como minha casa e o sustento à minha família”, afirma com orgulho.
Entre os obstáculos mais frequentes, ele cita a falta de infraestrutura nas estradas, a escassez de pontos de apoio com estrutura adequada para alimentação e banho, além da insegurança, um problema recorrente em várias regiões do país.
Em uma das viagens mais longas, Buda passou 60 dias longe de casa, sentindo falta da família, dos amigos, das suas cachorras e do aconchego do lar. Para aliviar a saudade, ele se apoia na música, especialmente os clássicos dos anos 80, que são trilha sonora constante no caminhão.
Uma das lembranças mais marcantes de sua carreira aconteceu em um momento triste. Durante uma viagem, ele recebeu a notícia da morte do pai e não conseguiu chegar a tempo para o último adeus. Por outro lado, o motorista também guarda boas lembranças, como a vez em que viajou com a esposa e a filha mais velha, Bianca, que na época tinha apenas 9 meses.
"Passamos por vários perrengues, pois viajar com adultos já é difícil, imagina com bebê, mas foi uma experiência inesquecível e eu estava com a minha família. Com meu filho, Ricardo, também tenho boas lembranças no caminhão. Viajar com a família é motivador, muito diferente de estar sozinho".
A paixão pela estrada começou cedo. Buda fez sua primeira viagem aos 18 anos, saindo de Blumenau com destino a Recife. Ele foi acompanhado do tio Miro Mannrich (in memoriam), que diz ter sido figura essencial na sua formação como caminhoneiro.
“Hoje trabalho como autônomo, mas a primeira viagem que fiz foi pela Transportadora Itapemirim. O Miro foi um dos primeiros caminhoneiros que conheci e pude aprender muito com ele”, recorda.
Atualmente, Buda observa o setor de transportes com apreensão.
"A profissão está cada vez menos valorizada, assim como o frete desvalorizado. Não falo apenas da questão econômica, mas falta reconhecimento da importância do motorista no Brasil".
Para os jovens que sonham seguir o mesmo caminho, ele deixa um conselho direto.
"Caminhão não é brincadeira. É preciso ter responsabilidade e consciência de que vai abrir mão de muitas coisas. Não é fácil ficar longe de casa, da família, dos amigos e os desafios são diários. Perdemos momentos importantes com quem amamos", explica.
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O caminhoneiro autônomo brasileiro é em sua maioria homem (99%), tem em média 46 anos de idade e acumula cerca de 17 anos de experiência na estrada. Trabalha aproximadamente 12 horas por dia, com rendimento médio de R$ 39,50 por hora. A rotina intensa vem acompanhada de pouca atenção à saúde.
Os dados fazem parte de uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), apresentada em 2024 na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.
No Brasil, estima-se que aproximadamente 1,9 milhão de pessoas atuem no setor de transporte de cargas.
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