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O autismo não é problema. O despreparo é

Por Rodrigo Gonçalves e Instituto Vinícius Ian

09/07/2025 às 11h52
Por: Redação
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Um menino autista de 4 anos.
Amarrado pelos pulsos e cintura, dentro de um banheiro, sem sapatos, sem meias. Sozinho.
Poderia apenas ser uma história inventada, fictícia, mas não é. É real. Aconteceu nesta semana, em uma escola particular na região metropolitana de Curitiba. E poderia ter acontecido em qualquer lugar do Brasil, inclusive em nossa cidade. Talvez até já tenha acontecido.

O vídeo, amplamente divulgado nas redes sociais e os principais portais de notícias, mostra o exato momento em que agentes do Conselho Tutelar e da Guarda Municipal, entram na escola e encontram o menino, autista nível 3 de suporte, não verbal, incapaz de relatar com clareza o que viveu. O que se viu é suficiente para nos calar por dentro e horrorizar: uma criança indefesa, contida com tiras de tecido, como se seu corpo fosse um problema a ser controlado.

A justificativa da professora, presa em flagrante por maus-tratos, foi simples: “ele é muito agitado”. Como se isso fosse suficiente. Como se isso fosse aceitável.

Não é.

Esse não é apenas um caso de negligência. É um retrato cruel da falta de preparo das nossas escolas, públicas e privadas, para acolher crianças autistas. E o mais grave: não é um caso isolado. Recebemos denúncias constantemente. Elas mudam de cidade, de nome, de escola, porém seguem com a mesma dor: a da exclusão disfarçada de incapacidade institucional.

É comum ouvirmos que a graduação não prepara os professores para o atendimento especializado. E é verdade, porém em parte. O que falta não é apenas formação técnica. Falta investimento. Falta empatia. Falta vontade política. O que está faltando dos gestores escolares, e dos donos de colégios privados, tratarem essa pauta como prioridade, não como “obrigação legal”?

A cada ano, mais e mais crianças autistas estarão nas salas de aula. O espectro não é exceção, é parte da sociedade. E fingir que a escola pode continuar como sempre foi é negar a realidade e comprometer vidas.

Como pai de uma criança autista com deficiência intelectual e não verbal, me dói saber que meu filho, ou qualquer outro, pode estar vulnerável a esse tipo de violência, justamente no único lugar onde deveria se sentir seguro para crescer.

Chegou a hora de dizermos juntos: não basta incluir no papel. É preciso incluir de verdade.
Com formação continuada. Com salas adaptadas. Com escuta ativa às famílias. Com plano de ação. E com a coragem de mudar o que for necessário.

E também é papel de todos nós pais, empresas, sociedade civil, cobrar, participar e construir soluções.
Porque quando a escola amarra, ela não apenas imobiliza, ela fere a dignidade de uma geração inteira.

@institutoviniciusian | Chega de silêncio. Educação é acolhimento.

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PauloHá 18 horas Blumenaucontinuando... O que se diz normal é uma convenção entre pessoas e isso não basta para respeitar, incluir, acolher e muito mais. Fique claro aqui que estamos falando de coisa séria, diversidade quanto a condição humana física psíquica e não a escolhas daqui ou ali... Empatia é a chave para entender que necessita de entendimento e não pena.
PauloHá 18 horas BlumenauNa verdade o que falta é realmente as pessoas, todos os adultos, amadurecerem e enxergarem que não existe cidadão perfeito o dito normal. Isto é utopia! Todos temos defeitos de caráter ou psíquico ou físico ou emocional ou qualquer outro a ser criado inclusive rótulos. Esta é a verdade nua e crua, NORMAL NÃO EXISTE. continua...
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Rodrigo Gonçalves
Sobre o blog/coluna
Rodrigo Gonçalves é fundador e presidente do Instituto Vinícius Ian. Advogado, é também
empreendedor, pai do Vinícius e alguém que dedica sua vida a unir propósito e performance.
Mentor de negócios, assumiu como missão transformar realidades e lutar para que nenhuma
família enfrente o autismo sozinha, compromisso que nasceu com o diagnóstico de autismo de
seu filho Vinícius, aos dois anos de idade.

Em sua coluna no AJ Notícias, Rodrigo compartilhará vivências, reflexões e aprendizados
adquiridos como pai, líder e cidadão engajado na construção de um Brasil mais inclusivo. Seu
objetivo é provocar conversas cruciais, gerar impacto e inspirar ações capazes de transformar
histórias.
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