Márcia Cristina Sardá Espíndola é a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora da Universidade Regional de Blumenau (Furb). Eleita em 2018 e reeleita para o mandato 2023/2026, está à frente da instituição desde 2019.
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela própria Furb, onde começou atuando como professora em 2003, Márcia falou ao AJ Entrevista sobre as expectativas para o segundo semestre e apresentou o panorama atual do processo de federalização da universidade, tema discutido há anos em Blumenau.
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Como a senhora avalia o desempenho da universidade no primeiro semestre de 2025, considerando os aspectos acadêmicos, administrativos e institucionais?
Foi um semestre de resultados muito expressivos para a FURB. Tivemos o maior número de calouros da última década, o que representa não apenas a renovação da nossa comunidade acadêmica, mas também a confiança da sociedade na Universidade. Consolidamos a Bolsa Universidade Gratuita, ampliamos a parceria com a bolsa municipal de estudos e avançamos em investimentos estruturantes, como a inauguração dos Laboratórios de Referência Multilab, financiados pelo Governo do Estado por meio da Fapesc.
Além disso, inauguramos novos espaços acadêmicos e fortalecemos a formação continuada dos nossos docentes, o que garante qualidade no ensino, na pesquisa e na extensão. Esses resultados confirmam que a FURB vive um momento de crescimento, inovação e fortalecimento institucional.
Como a universidade se preparou para receber os estudantes neste segundo semestre e quais são as expectativas para este novo período letivo?
A FURB iniciou o segundo semestre de 2025 com resultados muito animadores. Assim como no primeiro semestre, atingimos todas as metas de ingresso de novos estudantes e registramos uma redução significativa na evasão, que já era historicamente menor que a média nacional e agora ficou ainda mais baixa.
Esse cenário é fruto de uma gestão integrada e contínua de melhorias, tanto em espaços acadêmicos quanto de convivência. Entre os avanços, destacamos o retorno do Restaurante Universitário, que havia sido prejudicado desde a pandemia, e a aprovação da Política e da Comissão de Diversidade e Inclusão, ampliando o atendimento, o acolhimento e o respeito à pluralidade dentro da instituição.
Outro ponto estratégico neste semestre é a participação ativa da FURB na implantação do Distrito de Inovação de Blumenau, iniciativa que certamente impulsionará o desenvolvimento tecnológico e de inovação em toda a região.
As expectativas para este período letivo são muito positivas: seguir crescendo, acolhendo nossos estudantes e reafirmando o papel da FURB como protagonista do desenvolvimento regional.
Neste momento, em que estágio se encontra o processo de federalização da FURB?
O processo de federalização está parado. Após a formação da comissão e o envio das complementações de dados solicitados, não houve novos retornos do MEC. O último contato ocorreu em maio deste ano.
Quais são os próximos passos previstos visando à concretização do projeto de transformação da FURB em universidade federal?
Os próximos passos dependem da análise, pelo MEC, da proposta encaminhada pela FURB. O material enviado inclui a minuta de lei para cessão dos servidores municipais ao serviço federal, a proposta de inclusão dos estudantes já matriculados na nova universidade e a proposta de indenização pela transferência do patrimônio. Agora aguardamos o retorno de viabilidade para que o processo possa avançar.
Considerando que o projeto da FURB federal é amplamente discutido e acompanhado, quais são os principais benefícios esperados com a federalização para os estudantes, servidores e para a comunidade do Vale do Itajaí?
Nossa região já conhece o poder transformador de uma Universidade. A FURB, há 61 anos, é um motor de desenvolvimento do Vale Europeu. Formou gerações de profissionais que permaneceram na região, contribuindo para a economia, para a inovação e para a vida em comunidade. Também consolidou uma forte tradição em pesquisa e extensão, participando de editais de fomento, produzindo ciência de impacto e estabelecendo parcerias que transformam realidades locais.
Esse papel já está mais do que comprovado: a FURB é responsável por atrair talentos, gerar conhecimento e fortalecer a identidade regional. A federalização, nesse contexto, representa sobretudo a possibilidade de ampliar o alcance da Universidade pela atração de mais estudantes, potencializando ainda mais os benefícios que a região já vivencia diariamente com o trabalho da FURB.
Com a transformação em Universidade Federal, esses impactos tendem a se expandir, impulsionando o desenvolvimento econômico, social e cultural do Vale.
Este é o primeiro ano da nova gestão municipal, após as eleições de 2024. De que forma as mudanças na Prefeitura de Blumenau têm influenciado o andamento do processo de federalização da FURB?
A relação da FURB com a nova gestão municipal é muito positiva. Temos várias parcerias importantes em andamento, que fortalecem tanto a Universidade quanto a cidade. No entanto, em relação à federalização, é importante destacar que, neste momento, o processo não depende da Prefeitura, mas sim do Ministério da Educação, que ainda não apresentou novos encaminhamentos.
Ainda assim, como a FURB é uma autarquia municipal, certamente a Prefeitura terá papel fundamental quando houver avanços concretos, especialmente nas etapas relacionadas à cessão de servidores e à transferência patrimonial. Nesse sentido, sabemos que o município acompanhará de perto cada fase do processo.
Como a FURB tem dialogado, nos últimos meses, com o Governo Federal e o Ministério da Educação sobre a viabilidade da federalização?
Nos últimos meses, o diálogo com o Governo Federal e o Ministério da Educação está em compasso de espera. Nosso último contato foi em maio, quando nos informaram que, em razão de mudanças nas equipes do MEC, seria necessário um tempo maior para análise do material encaminhado pela FURB. Desde então, não tivemos novos retornos formais sobre a viabilidade da federalização.
Reitora, diante da recente aprovação do empréstimo de R$ 10 milhões para a modernização da área de Tecnologia da Informação da universidade, como a FURB pretende garantir que esse investimento gere resultados concretos e duradouros, especialmente em termos de segurança de dados e continuidade institucional?
O investimento em tecnologia é estratégico e permanente para a FURB. Com os R$10 milhões aprovados, estamos modernizando a infraestrutura de TI, implantando um novo sistema acadêmico que demanda maior capacidade tecnológica, além de reforçar os sistemas de backup e a segurança de dados, tema hoje essencial. Esse aporte garante mais eficiência, confiabilidade e continuidade institucional, assegurando que a Universidade esteja preparada para os desafios presentes e futuros.
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