Na última sexta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão em Brasília. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e executada pela Polícia Federal. Desde então, o ex-presidente está praticamente incomunicável. Participou de evento na Câmara dos Deputados, mas não pode se manifestar nas redes sociais — nem por terceiros — sob pena de prisão por descumprir as medidas cautelares.
Prisão velada
Na prática, Bolsonaro está em prisão domiciliar. Não pode sair antes das 6h, deve se recolher até as 19h e está proibido de viajar. As medidas são tão desproporcionais que beiram o absurdo. Lula, quando condenado, tinha mais liberdade do que Bolsonaro hoje — que sequer foi condenado.
Dois pesos, duas medidas
Casos de corrupção envolvendo o INSS, que lesaram aposentados, seguem sem presos. O STF não agiu, tampouco o ministro Alexandre de Moraes instaurou inquérito. O ex-ministro Carlos Lupi já foi blindado pela Procuradoria-Geral da República. O contraste é gritante.
Efeitos eleitorais
A situação de Bolsonaro coloca dúvidas sobre sua influência em 2026, a começar por Santa Catarina. Ele não será candidato e está impedido de se comunicar diretamente com o eleitorado. Isso compromete sua capacidade de transferir votos como em 2018 e 2022. E Carlos Bolsonaro, pretenso candidato ao Senado por SC, enfrentará dificuldades.
Carlos em xeque
Para disputar por Santa Catarina, Carlos teria que transferir domicílio eleitoral — sem o apoio público do pai. Além disso, há indícios de que também se tornará inelegível, como Bolsonaro. A ofensiva eleitoral de Carluxo parece cada vez mais improvável.
Movimento de Jorginho
Astuto, o governador Jorginho Mello acena com a possibilidade de nomear Eduardo Bolsonaro como secretário de Estado. Assim, Eduardo se licenciaria do mandato federal sem risco de cassação. Seria um gesto de lealdade ao ex-presidente — mas também uma forma de negociar a retirada de Carlos da disputa ao Senado.
Estratégia por trás
A jogada pode abrir espaço para Jorginho construir uma chapa mais ampla ao Senado, agregando partidos e federações em seu projeto de reeleição. Uma acomodação política com alto grau de pragmatismo.
Cenário indefinido
O tabuleiro está em movimento. Agosto ainda não chegou, e muita coisa pode acontecer até as eleições de 2026. Mas o impacto das decisões de agora será decisivo para o cenário sucessório que se aproxima.
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