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Cobrança excessiva

Excessiva pressão

19/12/2025 às 18h07 Atualizada em 19/12/2025 às 19h27
Por: Emerson Luis
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Foto: Internet
Foto: Internet

Tic tac

Chega essa época do ano em que o cara tá cansado, saturado e estressado. 

De saco cheio, conta os segundos para as férias.

Para ter paz.

De espírito, principalmente.

Isso, naturalmente, redunda em perda de entusiasmo e de criatividade ao se abordar o último tema de 2025.

Resumo

Foi um ano de publicações ininterruptas destacando a importância da reabertura do Sesi.

Que consequentemente recuperou a paixão e a conexão dos torcedores com os times na Série B e na Copa Santa Catarina.

Também repercutimos por aqui, o corte de 30% do Bolsa Desportista, nas modalidades que representam Blumenau em competições estaduais, nacionais e até mundiais.

Estádio do Sesi poderá se chamar "radialista Rodolfo Sestrem". Foto: Internet 

Meta

O fato de um filho defender o município, a partir da Olesc, por exemplo, já é uma grande vitória.

Uma escada natural e motivacional para os Joguinhos Abertos, Jogos Abertos e outros eventos de ponta.

Para pegar pódio, evoluir no ranking, defender a seleção, aumentar a bolsa, se consolidar como atleta. 

Sonho

A introdução da coluna desta sexta-feira (19) serve para falar de filhos e pais (não necessariamente nessa ordem), que sonham em mudar de vida, por meio do esporte.

Especificamente do futebol, que concentra as maiores expectativas, anseios, angústias e frustrações.

Realidade

Ser um atleta depende de uma série de fatores.

Não basta apenas ter predisposição e qualidade. 

Modéstia à parte, eu tinha tudo para ser jogador de futsal.

Tinha lá meus 11,12 anos, treinava com frequência na AABB, sob o comando do técnico Manoel Dalpasquale (Maneca) e já tinha disputado campeonatos com o acanhado ginásio do bairro Ponta Aguda, cheio.

Com meus pais na arquibancada.

Desconheço emoção maior.

Baque

Só que minhas aspirações foram interrompidas quando tivemos de mudar de casa.

Do Água Verde para o Fidélis.

Na Escola Pedro I (ao contrário do Lothar Krieck) não existia 5ª série de manhã, só à tarde, justamente no horário dos treinamentos.

Foi difícil absorver. 

Trauma 

Tentei voltar mais tarde, porém nunca mais fui o mesmo.

Lembro de meu pai dizer por diversas vezes em amistosos: “Desaprendeu a jogar bola?”

No entanto, já com meus 20 anos de idade foi ele quem me incentivou a trabalhar com futebol, no rádio.

Desde então, há 35 anos, aplaco minha “desilusão”.

Sob controle

Lido muito bem com isso porque trabalho com o que gosto.

E ainda jogo minha bolinha toda semana.

Tenho um filho que é louco por futebol e que ainda faz jiu-jitsu no Colégio Energia.

Realidade

Claro que eu gostaria que o Tales se tornasse um atleta.

Contudo, não crio nenhuma previsão quanto ao seu futuro.

Até porque, por mais que tenha apenas 7 anos de idade e muito ainda para evoluir, não é dotado de alguns recursos que na minha visão, são essenciais para ser bem sucedido nessa área.  

Tales em ação durante torneio. Foto: Planet Ball

Perfil

Tales é um menino criado em apartamento.

Nunca jogou bola na lama, no macadame, no mato, no asfalto, na areia…

Jamais deu uma topada no dedão em uma pedra ou na raíz de uma árvore.

Não sabe o que é enfiar um espinho no pé. 

Mal e mal sabe correr direito.

Aulas

Chuta, passa bem, é driblador.

Tudo por conta dos ensinamentos do professor Ricardo Leonetti no Planet Ball.

Mas lhe falta foco, raça, malandragem, recursos técnicos, gana para vencer.

E eu acho isso tudo absolutamente normal e saudável.

Minha satisfação é vê-lo feliz, brincando, socializando, se divertindo, criando espírito coletivo com os amiguinhos do futebol.

Interação dos meninos durante um aniversário. Foto: Planet Ball

Competição

Vivi pela primeira vez este ano a experiência de acompanhá-lo em um torneio oficial.

Foi vice-campeão Sub -7.

Um ótimo resultado pela primeira participação.

Mas no contexto geral, não gostei do que vi.

Barril de pólvora

Ninguém quer ver seu filho perder ou ser zoado.

Ter equilibrio e discernimento são essenciais.

O que convenhamos, é difícil. 

Pois basta uma palavra atravessada para eclodir uma discussão. 

Que pode se transformar em agressão.

Verbal e até mesmo física. 

A briga generalizada no Velha Central após um jogo oficial na categoria Sub 17, em novembro, chamou a atenção.

Passou da conta, fugiu do controle, mas não foi um fato isolado.   

Briga ocorreu após o jogo NFC x Brusque. Foto: Internet 

Descontrole

Tem mãe proibida de entrar em ginásio aqui na cidade em jogo de campeonato.

Pai que ameaçou árbitro e foi expulso do local.

A coisa anda tão grave que já se pensa em fazer disputas sem público.

Em São Paulo isso já acontece.

Punição

A Federação Paulista de Futebol (FPF) implantou a campanha "Pais de Castigo", fechando os portões de jogos Sub-11 e Sub-12 para punir e educar adultos com mau comportamento.

Brigas nas arquibancadas, arremesso de objetos, ofensas discriminatórias e até porte de armas de fogo viraram problema recorrente nas competições de base.

Fixação 

Existe uma obsessão pelo sucesso do filho.

Uma cobrança excessiva.

Uma pressão absurda para que a criança ou adolescente tenha uma performance acima da média.

Coerção que interfere diretamente no desempenho. 

Aposta

Tem gente que aposta tudo o que tem e o que não tem na esperança de que o futebol vai transformar a vida da família.

Esses dias um pai surpreendeu os convidados de um encerramento. 

Parou a música que animava a turma para euforicamente avisar, que o filho tinha acabado de ganhar um torneio. E que em cinco anos, eles estariam morando na Europa - o menino só tem 7 anos. 

O que tem de pais gastando uma grana pesada com professores particulares e mandando suas crias para intercâmbios na Europa, é uma grandeza.

Também tá cheio de meninos fazendo testes em clubes aqui do estado, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Se meu objetivo de vida fosse esse, se tivesse condições financeiras e enxergasse potencial no meu guri, talvez faria o mesmo. 

Panela

O problema é que todo mundo volta para casa.

Existem raríssimas exceções. 

O garoto não vinga porque a concorrência é desumana.

Sem contar que o moleque, se não tiver um padrinho forte, é uma grande ameaça para quem já está inserido nesse universo cruel.

Irmandade

Vivemos uma ressaca moral.

Mais empatia.

Menos ódio. 

Mais amor. 

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Emerson Luis
Sobre o blog/coluna
Jornalista com ampla experiência na cobertura esportiva, Emerson Luis assina uma coluna de opinião dedicada ao esporte no Vale do Itajaí. Com olhar crítico, linguagem direta e paixão pelo que faz, analisa os bastidores, os destaques e os desafios do cenário esportivo regional. Mais do que informar, busca provocar reflexões e valorizar os protagonistas do esporte local.
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