Em menos de uma semana, três casos de feminicídio foram registrados no Vale do Itajaí. As ocorrências aconteceram em Rodeio, Rio do Sul e, o mais recente, em Gaspar, na tarde desta segunda-feira (4), como o AJ Notícias, noticiou. Os crimes ocorrem justamente no início do Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização pelo fim da violência contra a mulher.
Diante do cenário alarmante, a Polícia Militar de Blumenau intensificou ações da Rede Catarina de Proteção à Mulher, iniciativa que orienta e acompanha vítimas de violência doméstica, muitas vezes caladas pelo medo ou pela dependência emocional ou financeira.
"A medida protetiva da vítima é cadastrada no programa e passa a receber visitas periódicas da guarnição, orientação sobre seus direitos, encaminhamentos aos serviços públicos e fiscalização do cumprimento das ordens judiciais", explica a soldado Fernanda, da Rede Catarina, que atua no 10º Batalhão da PM.
As mulheres que fazem parte do programa também podem acionar o botão do pânico pelo aplicativo PMSC Cidadão. A funcionalidade envia um alerta geolocalizado diretamente à central de emergência, permitindo o envio imediato de uma viatura ao local, em casos de descumprimento da medida judicial.
✅ Clique aqui para entrar no grupo do AJ Notícias no WhatsApp
A soldado Fernanda destaca que a violência doméstica não se resume à agressão física. De acordo com a Lei Maria da Penha, há outros tipos de abusos que também caracterizam violência contra a mulher.
“A violência pode ser psicológica, percebida por sinais de intimidação, ameaças, ciúme excessivo, humilhação, manipulação emocional e isolamento social. Cem por cento dos casos de violência doméstica incluem esse tipo de abuso”, afirma a policial.
Além disso, há a violência moral, que envolve calúnia, difamação e injúria, afetando a honra e a reputação da mulher; a violência patrimonial, que inclui destruição de bens, retenção de documentos e controle financeiro; e a violência sexual, que ocorre quando há relações forçadas, impedimento do uso de contraceptivos ou práticas impostas sem consentimento.
“Esses sinais exigem atenção imediata, pois muitas vezes antecedem a violência física”, alerta Fernanda.
Durante o mês de agosto, vídeos com orientações estão sendo publicados nas redes sociais da PM para ajudar mulheres a romperem o ciclo de silêncio e denunciarem seus agressores.
Segundo a soldado, denúncias pelo número 190 acionam uma resposta imediata:
“Uma viatura é enviada ao local, os policiais entrevistam as partes separadamente, avaliam a situação, prestam proteção à vítima e, em caso de flagrante ou descumprimento de medida protetiva, o agressor é levado à delegacia”, explica.
Se houver risco iminente à vida, a vítima pode ser encaminhada a um abrigo. Em Blumenau, por exemplo, a Casa Eliza oferece acolhimento sigiloso e seguro para mulheres e seus filhos em situação de ameaça grave.
Outro canal disponível é o Disque 180, central nacional de atendimento à mulher. A ligação pode ser feita de forma anônima e gratuita, e serve para orientação, registro de ocorrências e encaminhamento para a Polícia Militar, Polícia Civil ou Ministério Público.
“É especialmente indicado quando não é possível acionar o 190 de imediato. E a denúncia pode ser feita por qualquer pessoa, vizinhos, amigos, parentes, sem medo de represálias”, reforça Fernanda.
Veja o vídeo
Adolescente é atropelado no bairro Água Verde, em Blumenau
Bebê de três dias engasga com leite materno e é socorrido em Blumenau
Em apenas uma semana, três mulheres foram mortas vítimas de feminicídio no Vale do Itajaí
Mín. 14° Máx. 18°