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Tirando leite de pedra

As consequências do corte “temporário” nas modalidades

12/12/2025 às 16h42 Atualizada em 13/12/2025 às 10h35
Por: Emerson Luis
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Foto: Reprodução/SME Blumenau
Foto: Reprodução/SME Blumenau

Comunicado

"Para os meses de novembro, dezembro e janeiro, será necessário realizar adequações nos valores do Bolsa Desportista, a fim de atender ao limite orçamentário previsto para o programa. Os ajustes foram definidos pela equipe técnica com base na análise dos resultados nas competições de 2025 - Olesc, Joguinhos e Jogos Abertos. Salientamos também que a planilha referente ao mês de novembro será replicada para os meses de dezembro e janeiro, não sendo permitidas alterações, em razão do período de férias coletivas. Dessa forma, solicitamos o envio da nova planilha com os valores adequados até sexta-feira, dia 05/12. Agradecemos a compreensão!"

Decreto

Essa mensagem foi encaminhada pela Secretaria Municipal de Esportes (SME) para os coordenadores das modalidades. 

Cercada de dúvidas e inseguranças quanto ao futuro do esporte blumenauense - pelo menos nos próximos três meses.  

Promessa

Espera-se que o corte no Bolsa Desportista seja provisório.   

Que tudo volte à normalidade em 2026.

Senão o que já estava difícil vai ficar ainda mais complicado. 

Reflexos

É um tema espinhoso. 

Com duas versões. 

Porque existe, embora de maneira velada, o envolvimento político dos interessados e suas predileções.

Alvos

Logo, alguém da atual administração ou da antiga gestão tem culpa no cartório. 

Uns culpam o déficit de R$ 372 milhões deixados como herança. 

Outros entendem que faltou planejamento ao usar o bisturi.

Afinal, o comitê gestor, criado para reduzir os gastos em 30% em até quatro anos, foi anunciado em janeiro.   

Todas as secretarias tiveram de se adequar para reduzir os gastos.

Obviamente que a do Esporte não foi exceção. 

Maria Regina Soar, Mário Hildebrandt e Egídio Ferrari. Foto: Secom

OFF  

O berreiro está grande.

Só que ninguém quer se manifestar publicamente, sob pena de ser fritado. 

Pelo menos duas pessoas me ligaram e desabafaram.   

Enviei mensagem para um terceiro integrante. 

Que se mostrou resignado. 

Já esperava por isso, por tudo o que vinha se desenhando no ano.

Percentual

Com todos com quem conversei, o corte foi de 30% ou próximo desse percentual. 

A SME, no entanto, por meio do secretário Sérgio Galdino, me informou que a restrição não foi linear.

"Foi levado em conta o desempenho durante o ano."  

Sangrando

Os coordenadores/técnicos vão ter de ampliar o repertório de mágicas. 

Tenho um cálculo básico sobre quanto cada equipe recebe. 

Já que o montante varia de modalidade para modalidade.

A bocha, por exemplo, não vai ganhar a mesma cota do futsal masculino, que disputa uma competição nacional.    

Passado

A lógica se inverteu.  

Blumenau sempre se notabilizou por honrar a palavra e ser pontual nos pagamentos. 

Isso remete aos primórdios dos Jogos Abertos.

De uns tempos para cá empregamos a filosofia de pagar menos.

Com a condição de que o salário caía na conta sempre no quinto dia útil (nos 12 meses).

Isso redundava em segurança para os atletas.

E agora? 

As coisas mudaram.

O salário do Bolsa Atleta tem atrasado.   

E agora, diante dessa readequação, já tem modalidade que estipulou um teto de R$ 1.200,00. 

Dificilmente você vai segurar um destaque pagando menos de um salário mínimo - em 2026 vai ser de R$ 1.620,99.  

Divisão 

Ampliando o quadro, imagine o malabarismo para distribuir coletivamente R$ 25 mil/mês.

Entre as equipes de base e adulto.  

Tomando como referência (e suposição) um grupo com 25 integrantes.

Sem esquecer da ajuda de custo de R$ 150 para jovens a partir dos 15 anos - grana que também sai do Bolsa. 

Faca de dois gumes

Não duvido que algum técnico vá ficar sem receber salário.

Para não abrir mão de ter o time principal em uma competição nacional.

Para não correr o risco de ficar sem acesso a programas do governo.   

Time adulto de Blumenau na Superliga B. Foto: Apan 

Elite

Hoje só temos o BFB no Campeonato Brasileiro de Basquete Feminino (elite).

A Apab disputou este ano o Campeonato Brasileiro de Basquete Masculino (2ª divisão). 

A Apan está jogando a Superliga B de Vôlei Masculino com um elenco extremamente jovem. Sem nenhum remanescente da Superliga (o técnico André Donegá continua). 

Neste sábado, 19h, no Galegão, a Apan recebe Chapecó, pela 3ª rodada. 

O Bluvôlei foi punido com o fair play financeiro por não pagar salários a atletas e comissão técnica, após a disputa da Superliga em 2024 (só jogou este ano os Regionais e os Jogos Abertos). 

O futsal masculino, que por anos atuou na Liga Nacional de Futsal, vai ter de encarar em 2026, a Série Silver (a segunda divisão). 

E as duas equipes de handebol, que há tempos vêm sofrendo para jogar a principal competição do país, são pontos de interrogação (o trabalho de base, mesmo com as dificuldades, segue dando frutos). 

Guardadas as proporções, as modalidades individuais devem padecer da mesma angústia.   

Salvação

Tá todo mundo fazendo uma limpa, dispensando os jogadores mais caros e experientes.

Tendência de times caseiros e baratos - ou melhor, do tamanho do orçamento. 

Espera-se que a cobrança por resultados seja na mesma proporção.

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Jeferson NumesHá 7 dias BlumenauVergonha. Blumenau está sem pagar atletas. O silêncio não é conformismo, é medo de retaliação. Já relatos de que atletas passaram necessidade. Outros já esperavam o descaso. Duvido que técnicos, vereadores e o prefeito estejam sem salário. Esporte não é favor. Pagamento em dia é respeito.
Joana Há 7 dias Blumenau A vergonha é não pagar os atletas, tendo em vista que os mesmos fizeram a sua parte e estão sem o pagamento. Blumenau já foi referência. Hoje é uma vergonha devido a falta de administração pública. Gostaria de saber se os secretários e o prefeito está sem receber?
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Emerson Luis
Sobre o blog/coluna
Jornalista com ampla experiência na cobertura esportiva, Emerson Luis assina uma coluna de opinião dedicada ao esporte no Vale do Itajaí. Com olhar crítico, linguagem direta e paixão pelo que faz, analisa os bastidores, os destaques e os desafios do cenário esportivo regional. Mais do que informar, busca provocar reflexões e valorizar os protagonistas do esporte local.
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