Conversei nesta semana com o prefeito.
Por WhatsApp, enviei alguns questionamentos sobre a negociação do Complexo Esportivo Bernardo Wolfgang Werner - que foi vereador e presidente da FIESC (1971 a 1986) e faleceu em 2008, aos 81 anos de idade.
Mário Hildebrandt me retornou por telefone.
Por causa da agenda corrida, afirmou não ter tempo para responder todas as minhas dúvidas por mensagem.
Tentei arrancar alguma novidade.
O homem é liso.
Saiu pela tangente em todas as perguntas.
Especificamente sobre cifras.
O prefeito insistiu que não teria como passar nada oficial, até porque ainda falta a aprovação do Conselho Nacional do SESI para que definitivamente o município possa ser o dono da área de 320 mil metros quadrados.
Ouvi dizer que só quatro pessoas sabem do valor final da transação.
Vou especular, então.
As conversas iniciaram em R$ 55 milhões.
E assustaram o poder público - que tentou a doação.
Baixaram para R$ 47 milhões.
A contraproposta foi de R$ 32 milhões.
O SESI não concordou.
Como essa diferença de R$ 15 milhões travava a batida de martelo, acredito que houve uma concordância próximo de R$ 37 milhões.
Pagamento à vista.
Que poderá vir do governo do Estado.
Ou de algum empréstimo.
O que basicamente expus ao prefeito é que, no geral, a população não tem ideia das vantagens que essa decisão irá produzir.
No imaginário coletivo, apenas o futebol será privilegiado.
Quando os dois times poderão voltar a jogar na própria cidade.
Contudo, os benefícios serão bem maiores.
Um parque nos fundos do terreno e uma pista de caminhada estão nos planos.
O atletismo, por exemplo, vai receber uma pista nova.
Hoje apenas um lado da estrutura (da arquibancada) está em condições de uso.
Grande parte do piso está arrebentado.
Só treinos básicos são realizados.
Tanto é que a equipe que representa o município (AABLU) quando precisa utilizar os 400m da pista se desloca para Timbó ou Jaraguá do Sul
Fui um dos críticos na demora do processo - mais de um ano.
Temos a mania de colocar no mesmo saco tudo que envolve política (e políticos).
O quão os processos burocráticos são morosos e enrolados.
Procurei algumas fontes.
O pessoal se mexeu.
Fez estudos técnicos.
Consultou gente da área.
A ideia é construir uma pista de qualidade superior a atual.
Que foi inaugurada em 2008.
Dois meses depois foi destruída na tragédia de novembro.
Reformada em 2016.
Essa última obra, junto com a revitalização da academia, custou cerca de R$ 10 milhões.
Dinheiro do Ministério do Esporte e do SESI.
Por aí já dá para ter uma base de quanto vai ser preciso ser injetado.
O material deve vir da Coréia.
Com qualidade similar à marca italiana Made of Mondo, tida como a melhor do mundo.
Usada em Florianópolis na UFSC (a nº 1 do estado).
Classificada com nível 2 pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF).
O que dá a garantia de sediar eventos internacionais.
O valor total da reforma em 2015 (que durou um ano) foi de R$ 7,8 milhões.
Verba repassada pelo Ministério dos Esportes.
Outro comparativo de preço pode ser Timbó.
Foram gastos R$ 1.277.291,81.
Dinheiro do governo do Estado, por meio da Fesporte, e Fundação Municipal de Esportes (FME).
Construída para os Jogos Abertos de 2019.
Não ficou pronta a tempo.
Por isso o atletismo foi transferido para Jaraguá do Sul.
Contudo foi inaugurada em novembro do mesmo ano para os Jogos Escolares da Juventude (12 a 17 anos).
Blumenau foi sede da maior competição estudantil do país, mas não teve condições de receber as provas.
Outras 13 modalidades foram absorvidas pelo próprio SESI, além dos ginásios do SESC, Vasto Verde, Galegão, Parque Ramiro, Associação da Prefeitura e Vila Germânica.
4.998 atletas.
683 técnicos.
494 árbitros.
94 profissionais do comitê organizador.
39 médicos e fisioterapeutas.
27 chefes de delegação.
25 jornalistas.
14 embaixadores.
22 hotéis (2.616 leitos) - a nossa rede hoteleira não deu conta de tanta gente.
87.410 refeições.
Coisa grande.
Cerca de R$ 30 milhões foram distribuídos no comércio.
O prefeito tem clareza da força do esporte na economia local.
Seu objetivo, com a municipalização, é trazer grandes eventos para Blumenau.
Para se ter uma noção, desde que foi liberada, Timbó recepcionou mais de 30 torneios do gênero.
Com a nova pista poderemos receber disputas pan-americanas.
Caso a atual não estivesse com problemas, teríamos condições de abrigar provas sul-americanas e até mesmo o Troféu Brasil, a principal competição interclubes da América Latina, que este ano vai ser realizado no Engenhão, no Rio de Janeiro, de 23 a 26 de junho.
O lazer se encaixa nessa visão.
Shows musicais serão muito bem-vindos.
Há tempos não sabemos o que é curtir uma apresentação ao ar livre, em um campo de futebol.
Sem contar a falta de uma Arena de verdade para as equipes que participam das competições nacionais.
O Galegão quebra um galho muito grande para o basquete e o vôlei.
No entanto, o SESI também supriria essa carência.
Futsal e handebol já jogam na Rua Itajaí.
Existe a necessidade, logo de cara, de R$ 3 milhões para as primeiras reformas.
Entendo que nesta matemática estão incluídas, além da pista de atletismo, o telhado, que passa de R$ 1 milhão, e o campo de futebol.
O Metropolitano foi consultado sobre a troca recente do gramado em Ibirama.
O gasto foi de aproximadamente R$ 500 mil para atender as exigências da FCF.
Por sua vez, a prefeitura de Balneário Camboriú desembolsou R$ 1 milhão na reinauguração do estádio das Nações.
Vai ser uma corrida contra o tempo se a gente projetar a volta do Metropolitano ou do BEC para a Série A em 2023, afinal a bola costuma rolar no fim de janeiro.
A boa notícia é que dá para reconstruir o campo sem afetar uma das raias.
Não será preciso mexer na largura - 68m.
Só no comprimento - 105m.
2,5m de cada lado.
Basta readequar os setores onde ficam a gaiola para o lançamento de martelo e disco, salto em altura e lançamento de dardo.
Se tudo ocorrer bem, o SESI vai se transformar em um Centro de Referência Olímpico.
Em julho de 2021, uma comitiva esteve em Brasília na intenção de conseguir apoio e recursos junto ao secretário Nacional de Alto Rendimento, Bruno Souza.
Encabeçada pelo prefeito, com a presença do presidente da Câmara, Egídio Beckhauser, do vereador Alexandre Matias e do presidente da Vila Germânica e secretário de Turismo e Lazer, Marcelo Greuel, o grupo voltou otimista.
Com a promessa, caso a municipalização seja concretizada, do aporte de R$ 5 milhões por ano.
R$ 3 milhões para investimento nas equipes nacionais.
R$ 2 milhões para a manutenção do espaço.
Estima-se que o gasto mensal de conservação do complexo esportivo será de R$ 150 mil.
O governo Federal não planeja construir projetos do zero, mas sim incentivar espaços que já existem, que sejam úteis para os atletas, e que exerçam um trabalho de excelência.
O SESI oferece isso.
A vinda para Blumenau também ano passado dos representantes da Secretaria Especial do Esporte foi mais um sinal.
Tudo está conspirando a favor.
Falta a formalização.
Que saia do papel o quanto antes.
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